terça-feira, 7 de abril de 2009

O PODER DA GRANDE REDE

Em um inicio de tarde quente – quente, não -, muito quente, em etapa de nossas viagens da jornada de visita aos 184 municípios do Estado do Ceará, em 2008, fazendo o trajeto Crateús- Ipaporanga, uma placa em casa simples, não rebocada, à beira da estrada, atraiu a atenção. Lá estava escrito: internet . Fosse na periferia de cidade grande, com certeza, se perderia entre tantos outros anúncios. Esse, porém, exibia a força que lhe fora dada a partir do lugar aparentemente improvável para o tipo de negócio que oferecia, a 354 km de Fortaleza, em plena caatinga nordestina.
Sempre tivemos a crença de que a internet é um instrumento capaz de coisas inimagináveis, especialmente as que podem ser operadas em suas redes sociais (Orkut, facebook etc.). Nossa preocupação com a transparência das instituições públicas nos levou a uma constatação: a internet é a saída para democratizar o tão sonhado acesso às informações dos governos. Três ações, contudo, são necessárias para atingi-lo.
Em primeiro lugar a ampla simplificação dos portais , não permitindo que o excesso de passos e cliques sirva mais para esconder do que mostrar aquilo que as pessoas querem saber. Tente, por exemplo, acessar o portal do governo federal www.portaltransparencia.gov.br . Quem não for um especialista terá enorme dificuldade em encontrar o que procura. Para tanto são fundamentais a atualidade dos dados e a linguagem simples. Nada de números antigos, nada de dialetos. Deve ser como conta de bodegueiro – recebi tanto, gastei tanto.
O ponto seguinte é a capacitação em massa, para que haja o convencimento geral sobre a importância de haver acompanhamento dos gastos oficiais, como entende-los e interpreta-los, enfim o que é feito com os impostos que pagamos. Por último, a criação de uma rede social voltada para as questões da transparência, onde seriam discutidos casos de sucesso no combate à corrupção, formas de participação, as administrações e denúncias. Essa rede, para provedores e usuários, seria a inteligência coletiva em ação para o bem de todos.
O TCM acredita nesse modelo e, em poucos dias, oferecerá seu Portal à sociedade. Simples e funcional, como prega, na dimensão que imagina adequada ao perfil de nossa gente e dos desafios que aí estão. E, por favor, não venham com a desculpa de que o acesso à internet é muito pequeno no Brasil. A historinha lá no começo prova o contrário. E as estatísticas, idem: 33 milhões de brasileiros têm acesso à rede e é recordista mundial em horas de navegação. Nada impede, assim, que usemos o poder da grande rede a serviço das batalhas que precisam ser travadas contra as velhas e novíssimas faces da corrupção.

Alguém já disse, e concordamos, que “o Brasil não é um Pais corrupto, mas pouco fiscalizado”. Vamos à luta, portanto.

ERNESTO SABÓIA Presidente do Tribunal de Contas dos Municípios

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